22 setembro, 2010

Conto Sobre Allete e Ashley



- Ai garota, você é realmente insuportável! – Berrou Allete.
- Eu? Ah ta bom! Eu que discuto sobre o tipo, a cor da roupa ou o corte de cabelo daquele “garotinho” do basquete? Ah, eu hein! Faça-me o favor né?! Você é muito patricinha! Eu odeio... – E  Ashley foi interrompida.
- Vem cá. Dá pra você parar de me chamar de patricinha? Sua... Sua... - Disse Alette.

E Ashley lhe deu um beijo que a fez calar e a partir daí tudo mudaria na vida das duas. Poderia ter sido um beijo comum se Ashley não tivesse desafiado a si mesma há 1 mês atrás a ficar com a garota mais cobiçada do colégio.

Ashley era uma menina na casa dos 20 que vivia jogando bola, tocando seu violão, perdendo seu tempo com coisas fúteis e falando de mulher. Tinha um estereótipo masculinizado o que fazia com que, com o preconceito, muitas pessoas se afastassem dela. Usava seu all star surrado, suas calças jeans antigas, seus piercings na orelha, na língua, alargadores, tinha cabelos curtos e pretos que lhe davam um ar ainda mais masculino. Tinha olhos negros como duas jabuticabas e brilhantes como estrelas. Tinha sobrancelhas grossas, porém desenhadas que moldavam seu rosto e a deixava, por mais que quisesse demonstrar força, com ar de menina imatura e indefesa. Ela tinha um estilo desafiador, confiante e impactante. Era movida a música. Nas horas vagas, cantava suas próprias autorias.
Vivia rodeada de amigos dos mais diferentes estilos, personalidades e estereótipos.

Quando se juntavam, o assunto principal era rock. Eles amavam quando Ashley cantava as músicas favoritas deles, era como se estivessem num momento mágico pois sua voz era envolvente e grossa. No grupo dela estavam sempre: Anne, Robert e Camila. Anne tinha um jeito misterioso, aparentava ter 19 trajava shorts e meia arrastão, all star de cano longo, tinha cabelos vermelhos cor de fogo, era branca, alta e sabia conquistar qualquer pessoas com seu humor e carisma.

Robert era um adolescente de 17, acima do peso, baixo, branco, com sardas por todo o rosto. Ele era inteligente, sabia conversar só tinha uma frustração: não conseguir uma namorada. Essa culpa fazia com que ele comesse ainda mais, se tornando mais gordo. Costumava se vestir com calça jeans, tênis, camisa branca, colete preto e tinha cabelos castanhos.

Camila fazia o estilo Barbie. Usava cabelos cor de rosa em corte channel, suas calças jeans da moda, e blusas de babado a faziam ser ainda mais patricinha. Ela não tinha medo de arriscar quando o assunto era mudar a cor do cabelo. Já havia passado por cores bem diversas. Desde o castanho ao verde! Tinha 19 anos, era morena clara e fazia curso de inglês.

Os quatro se amavam e não se desgrudavam por nada. Não lembravam como se conheceram, mas, sabiam que a amizade que surgiu na escola duraria pra sempre! Na tardes de intervalo eles se juntavam na mesa mais escondida do pátio pra conversar, cantar, contar piadas, etc. Isso já acontecia perdurava 2 anos. Um dia enquanto estávam conversando, houve um silêncio geral no pátio e todos se viraram pra ver o que tinha acontecido. Com eles não fora diferente. Ao olhar pra uma pessoa que atravessava o pátio em direção à secretaria, Robert exclamou:
- Uau! Que loira linda!
Então Camila disse:
- Linda demais mesmo, é uma aluna nova, o nome dela é Allete, Alette Coulumb. Veio dos EUA pra morar com o pai e deixou a mãe lá. Tem 18 anos. Dizem por aí que ela está interessada em Michael.
- Quem é Michael? - Indagou Ashley sem conseguir esconder a inveja.
- Michel é o jogador de basquete do colégio, Ashley, por quê? Está interessada nela? - Questionou Camila.

Todos se entreolharam e ela ficou vermelha de vergonha. Decidiram ali fazer um trato...

- Se em um mês, Ashley ficar com Alette, nós a daremos lanche até o fim do ano mas, se perder, nos dará seu violão. Combinado?
E os três amigos confirmaram a aposta, exceto a quarta; Ashley.
- Não; Meu violão não! - Exclamou Ashley.

Nos dias seguintes Ashley se aproximou de Alette como boas amigas, porém havia um problema: Allete, por ter família rica e nunca ter tido problemas com dinheiro, queria tudo em suas mãos. Já estava acostumada a pagar por seus serviços. Lá era assim, mas, ela esqueceu que aqui é Brasil.

Num belo dia, Allete já estava integrada no grupo, eles tocaram no assunto de homossexualismo e todos notaram certo constrangimento e a pergunta mais impactante foi feita.

- Alette, você é contra homossexualismo? – Perguntou Camila.
- Ah gente, não sou contra mas, vim de uma família que não aceita, que denigre a imagem “pessoa” e coloca no lugar a imagem “pessoa promíscua”. - Confessou, Allete.
- Mas, você tem curiosidade? – Perguntou Robert.
- Ah... É... Bem... É difícil responder a isso. Imagiem que eu fique com alguém e meu pai saiba? Ele me mata! - Allete falava em tom de medo.

Todos de entreolharam. O sinal tocou e todos foram pra sala. Ashley estava sentada na cadeira ao lado de Alette e sentiu ao tocar na mão de Alette, que ela estava nervosa com a situação. Ela apenas sorriu como se quisesse dizer “confia em mim”.

 A Aula acabou e essa situação de Allete e Ashley, durou duas semanas. Quando as semanas se foram, Ashley perguntou pra Alette:
- Alette, você está gostando do Michael?
Após uma crise de riso, ela respondeu:
- O que você bebeu? Acho que estamos tendo problemas de comunicação. Ele não é bonito, não me agrada em nada e você vale muito mais que ele! Quer saber? To apaixonada por você! - Entregou, Allete.

Nesse momento o mundo de Ashley parou. Ela só consegui ouvir a frase “apaixonada por você... Apaixonada por você... Apaixonada por você...” Quando voltou a si, ainda meio grogue percebeu que estava na enfermaria do colégio e num salto rápido.

- O que aconteceu? Me fala. O que fizeram comigo? - Questionou Ashley a Enf. Dora.
- Calma, Ashley, você desmaiou e a trouxemos pra cá. – Tentou Dora, tranquilizar Ashley..
- Obrigada Enf. Dora!
- De nada. Não fiz mais do que minha obrigação.

Naquele momento a mesma frase dita por aqueles olhos verdes e cabelo vermelho era ainda o que a motivava a sorrir ainda que não tivesse motivos. Ela guardou segredo sobre Alette por 3 dias e teve que contar pra melhor amiga, a Camila.

- Camila, já não sei mais o que eu faço, Ela mexe comigo mesmo. To a ponto de beijar ela na frente de todo mundo. - Confessou Ashley.
- Ashley você tem que aprender a não se deixar levar por impulso. CALMA! - Palpitou Camila.

Em uma bela quarta-feira às 11:00 da manhã, Ashley saiu da sala sem pedir ao professor e Alette foi atrás. Ao chegar no banheiro, deu de cara com Ashley e começaram a discutir.

- Cara, você é muito implicante! - Falou Ashley
- Ai garota, você é realmente insuportável! – Berrou Allete
- Eu? Ah ta bom! Eu que discuto sobre o tipo, a cor da roupa ou o corte de cabelo daquele “garotinho” do basquete? Ah, eu hein! Faça-me o favor né?! Você é muito patricinha! Eu odeio... – Disse Ashley a Allete.
- Vem cá. Dá pra você parar de me chamar de patricinha? Sua... Sua... - E Allete fora interrompida por Ashley.

E Ashley lhe deu um beijo que a fez calar e a partir daí tudo mudaria na vida das duas. Poderia ter sido um beijo comum se Ashley não tivesse desafiado a si mesma há 1 mês atrás a ficar com a garota mais cobiçada do colégio.

Ao terminar o longo beijo, Alette olhou bem no fundo dos olhos de Ashley que não sabia nem o que dizer, e falou:

- Ashley, eu te amo! Sempre te amei. Te amo desde que meus olhos se encontraram nos teus. Te amo e irei lutar por esse amor porque eu quero. Eu estou apaixonada por você!
- Mas por que eu? Você é hétero Alette, não poderia... Não poderia ter te beijado... – fez uma pausa.

Mas, já era tarde demais. Ela já estava apaixonada e a Ashley não sabia como agir. Ainda que ela vivesse pensando em Alette, em estar mais tempo com ela, em namorar ela e casar.

- Eu também te amo e prometo lutar contra tudo e todos! Quero ficar com você e passar por tudo junto com você. Ainda que você seja patricinha - As duas soltaram risos.

Durante o resto daquele ano, elas namoravam escondido. Só quem sabia era: Camila, Robert e Anne porque estavam sempre com elas. Ninguém mais desconfiava... Até que um dia, seu pai viera buscar Alette na escola e se deparou com uma cena nada agradável aos olhos dele.

- O que significa isso Srta. Alette? - Indagou furioso, o pai de Allete.
- Pai... É... Não é nada disso que você está pensando... Ashley é apenas amiga...  E... - Tentou disfarçar, Allete.
- Ah não?! Já chega por hoje Alette! Sua vida agora será casa-escola-curso e olhe lá! Eu já desconfiava dessa palhaçada. Lia todas as suas mensagens no celular. Você nunca me enganou! – falou Sr. Richard e tom furioso
- Sr. Richard. Me... Perdoa. Não queira que fosse dessa forma. A gente ia te contar. – disse Ashley
- Ah, iriam? E vocês acham que eu ia fazer  que? Comprar ingressos pra assistira ao show? Você me decepcionou profundamente, Alette - Disse em tom de raiva, Sr. Richard.
- Sr. Richard... Sr, Richard... - Tentou Ashley, em vão, se desculpar.

Ele se fora... E com ele foi Alette arrasada e sendo puxada pelos cabelos até o carro. O pai saiu em disparada do colégio e ela encontrando os olhos de Ashley que também mostravam desespero.

Nas semanas seguintes elas mal se encontravam pois havia gente que estava sendo paga pra dizer se elas se encontravam ou não. Algum tempo depois, elas puderam sentar e conversar e então Alette pôde dizer o que seu pai havia dito naquele dia ao chegarem a casa.

(...) Ele me disse coisas horríveis. Disse que me preferia prostituta a lésbica. Disse que criou a mim com muito amor pra agora eu jogar tudo fora... Jogava na minha cara todas as viagens que eu fiz e que foram pagas por ele. Me bateu desgosto de viver, pensei em me matar diversas vezes, mas, não tinha coragem porque sei quem um dia nos contrariamos e saberíamos que ainda somos apaixonadas uma pela outra...

- Amor, eu sempre te esperaria, nem que fossem 10 anos, 30, 40, eu te amo! – Sussurrou Ashley ao ouvido de Allete.

- Amor, agora estou morando sozinha, meu pai me respeita. Ainda não me aceita, mas, isso pra mim já é o bastante. Minha mãe também sabe e disse que quer muito te conhecer. Contei pra ela como você é e ela disse que realmente os opostos se atraem pois somos totalmente diferentes. Quero muito levar você pra morar comigo em Nova Iorque e construirmos um futuro lá! Quero ter meus filhos com dupla-cidadania e estar com você... Casa comigo? - Pediu Allete.

- Alette, meu amor. Eu contaria todas as estrelas do mundo pra te dar, eu buscaria o maior brilho que há entre elas, mas, é pouco comparando ao brilho dos teus olhos. Eu quero você como sempre quis e prometi estar com você pra tudo, lembra?! Eu é que pergunto... Casa comigo amor da minha vida? - Perguntou Ashley.

- Ah Ashley, me deixa pensar - fez uma pausa de 5 segundos. Claro que eu caso! Eu te amo! 

Nessa hora chegaram os amigos da Ashley: Camila, Robert e Anne e falaram juntos. “Ashley, você não está esquecendo de nada?”

- Não. Do que? - Tentou invalidamente, Ashley sair da situação embaraçosa.

- Passa seu violão pra cá! Você demorou mais de 1 mês pra ficar com Alette, perdeu neném! - Disse em tom de deboche, Camila.

- Hei! Meu nome nessa história?! Pode me contar mocinha! Como irei casar com uma mulher que mal conheço? Nunca nem a vi... - Debochou, Allete.

Todos se entreolharam e riram...

- Ah Alette, isso a gente deixa Ashley te contar... – Disseram Camila, Anne e Robert.

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