Sabe quando você perde suas forças e sente como se algo
abaixo de você estivesse te puxando? É como se você estivesse sem forças pra
subir e só sinta o céu caindo sobre sua cabeça. Ruim, não é?
Às vezes na vida cometemos erros. Às vezes esses erros são
irreversíveis e você se sente obrigado a conviver com a culpa de ter errado.
Por vezes você pensa em alternativas pra não ter cometido aquele erro e por
mais que ache muitas, já foi, já era, ele já foi cometido e não tem mais volta!
Ainda que você peça perdão, desculpas, nada – sim, eu disse nada – irá apagar o feito. Afinal, o
leite já foi derramado.
Quando eu ainda era criança nada me explicaram sobre o amor,
sobre amar alguém, sobre o que eu ia passar, o que ia sentir, o que me faria
sonhar, pensar, rir, chorar e até mesmo calar – coisa que nunca fui a favor. Eu
supunha que amar era estar com alguém na qual te faz bem, te faz sorrir, te faz
planejar. Tudo bem existe essa parte do “conto de fadas”, mas... E a parte
ruim? Onde ela fica? Ela fica entre os sorrisos, entre os planos, entre os
abraços... – muitas vezes para dar ou receber forças para prosseguir.
A evolução e descoberta do que é o amor veio à duras penas e
acredite: eu lutei contra. Eu lutei
diversas vezes contra, exatamente pelo fato de não saber o que estava por vir.
Sempre gostei de premeditar o que falava, sentia,
pra onde olhava ou o que fazia, mas, no amor não existe isso; Ou você se afunda de cabeça e deixa acontecer ou
não está disposta a viver porque o sofrimento,
sim, faz parte. Pensa que amar é
fácil? Se fosse fácil, na minha opinião, não seria tão gostoso.
Pra mim tudo o que é difícil é melhor – engraçado como isso
me fez voltar aos 3 anos num dia em que insisti com minha mãe para lavar a
louça e o medo de quebrar copos e pratos de vidro, me fizeram querer ainda mais
insistir e fazer – e eu gosto disso. Certa vez li algo como “grandes
expectativas geram grandes decepções” e pensei: por que diabos ninguém nunca me disse isso?
Pois bem, ao acreditar em conto de fadas – em que a princesa
busca a outra e dá voltas a cavalo -, acabei me deixando levar pela ilusão da
perfeição e criei pra mim o paradigma no estilo novela das 9 em que a mocinha é
feliz para sempre. Tola! Não existe feliz para sempre sem luta, paciência,
esperança, confiança, caráter, dignidade, honestidade e o mais difícil de
lidar: o amor.
Com as (más) experiências que tive pela vida – que sim,
agradeço por me terem dado certeza de que não era com essas pessoas que eu
queria passar o resto da vida – aprendi muito e me entreguei pouco. Nunca fui
de entregar meu coração a ponto de enfrentar qualquer um pra estar com aquela
pessoa. Sempre fui cautelosa com isso e essa cautela – graças a Deus – não me
deixou lutar por ninguém. Porém, uma hora a “hora” chega certo? E é assim que
começo a relatar minha história...
Era uma vez duas meninas. Uma chamada Pâmela e outra, Penélope.
Uma tinha vida diferente da outra. Pâmela era leonina, era lésbica desde que
aprendeu escrever seu nome, era menor de idade, estudante, imatura e “cabeça
dura”. Penélope era aquariana, já tinha 18 anos, trabalhava desde os 15 anos,
era bissexual e tinha uma maturidade considerável por ter convivido com pessoas
com idade muito além da dela. Penélope tinha um amigo em comum com Pâmela e
comentou com ele que estava sentindo falta de beijar mulheres e foi aí que,
depois de alguns dias, ele pediu à amiga Bruna* para adicionar num site de
relacionamentos o perfil da Penélope. Papo vai, papo vem, outra amiga dessa tal
Bruna adicionou a Penélope e começaram a conversar. O que ambas não sabiam era
que Pâmela e Penélope aprenderiam a amar juntas. Marcaram de se conhecer pessoalmente
e acabaram ficando.
Não demorou muito e Penélope pediu Pâmela em namoro. Era sms
a todo o tempo e ligações intermináveis. Elas ficavam juntas durante um tempo e
quando os problemas surgiam, terminavam – talvez por medo de lutar. Entre idas
e vindas, Penélope fez/falou coisas que magoaram muito a Pâmela. Penélope nunca
tinha amado alguém de verdade e tinha receio de que quando isso acontecesse,
fosse irreversível, ficasse
embasbacada, só visse e vivesse para a Pâmela. Ela precisava sentir arrepio ao olhar nos olhos de Pâmela e ver o brilho do amor. Ela precisava ter certeza que a Pâmela realmente a amava e isso demorou um bom tempo.
Durante a última discussão entre elas – não juntas –, Pâmela
disse que estava desistindo de Penélope e foi aí que pela primeira vez em toda
a sua vida, Penélope correu – literalmente – atrás de Pâmela e a pediu de
volta. O “sim” entre lágrimas de Pâmela fez Penélope acreditar que além de o
amor existir ela ter certeza de que Pâmela a amava.
Claro, nada é perfeito. Durante a volta, Pâmela (lê-se:
insegura, desconfiada, com medo) começou a agir de forma arrogante, ignorante e
nada paciente com Penélope. Também, era esperado que isso fosse acontecer,
visto que Penélope a tinha magoado muito e agora era a hora de ela correr atrás
de Pâmela. Por mais que Pâmela agisse assim, vendo que Penélope tinha realmente
mudado, o que ela mais queria era ficar bem, mas, algo a impunha a agir dessa
forma.
Penélope por vezes pensou em desistir de vez delas, por
vezes se perguntou se aguentaria mais todo aquele sofrimento, por vezes se
pegou segura e confiante de que era apenas uma fase e por vezes se olhou no
espelho com o rosto inchado de tanto chorar. Porém, o que sentia agora era
forte demais pra ser deixado de lado ou esquecido como se nada tivesse
acontecido. Prometera no momento do “sim” os votos de um casamento “amar e
respeitar na alegria e na TRISTEZA, na saúde e na doença, na riqueza e na
pobreza (contando moedinhas também vale), até que a morte as
separasse” e não iria desistir fácil assim. Por mais que tivessem uma visão de
mundo diferente, uma coisa chamada AMOR as unia e ela ainda tinha esperanças.
Chamou Pâmela para conversar e pediram desculpas, mais uma
vez, por tudo de ruim que uma tinha causado à outra. Prometeram mutuamente ser
mais pacientes, dar carinho, amar, sem menos impulsiva e respeitar acima de
tudo. Então, Pâmela olhou nos olhos de Penélope e disse:
- Eu te amo e não quero que você desista de mim. Essa fase
ruim vai passar.
E Penélope respondeu:
- E quem disse que eu vou desistir de nós? Acha que vai se
livrar de mim tão fácil? “Me ganhou vai ter que me levar”
Ambas riram se beijaram e falaram pra si mesmas, mentalmente
que uma precisava, admirava, merecia e amava a outra como jamais fora ouvido em
nenhum lugar do mundo. Sentiram uma pontada no peito, “borboletas” no estômago
e mais uma vez tiveram certeza de que o que as unia tinha um poder
incontrolável, uma dimensão incomensurável, que precisavam lutar a favor e que o nome desse sentimento forte
tinha apenas 4 letras: amor.
*nome fora preservado para não envolvimento da história.
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