13 março, 2012

Autobiograficamente falando




Sabe quando você perde suas forças e sente como se algo abaixo de você estivesse te puxando? É como se você estivesse sem forças pra subir e só sinta o céu caindo sobre sua cabeça. Ruim, não é?

Às vezes na vida cometemos erros. Às vezes esses erros são irreversíveis e você se sente obrigado a conviver com a culpa de ter errado. Por vezes você pensa em alternativas pra não ter cometido aquele erro e por mais que ache muitas, já foi, já era, ele já foi cometido e não tem mais volta! Ainda que você peça perdão, desculpas, nada – sim, eu disse nada – irá apagar o feito. Afinal, o leite já foi derramado.

Quando eu ainda era criança nada me explicaram sobre o amor, sobre amar alguém, sobre o que eu ia passar, o que ia sentir, o que me faria sonhar, pensar, rir, chorar e até mesmo calar – coisa que nunca fui a favor. Eu supunha que amar era estar com alguém na qual te faz bem, te faz sorrir, te faz planejar. Tudo bem existe essa parte do “conto de fadas”, mas... E a parte ruim? Onde ela fica? Ela fica entre os sorrisos, entre os planos, entre os abraços... – muitas vezes para dar ou receber forças para prosseguir.

A evolução e descoberta do que é o amor veio à duras penas e acredite: eu lutei contra. Eu lutei diversas vezes contra, exatamente pelo fato de não saber o que estava por vir. Sempre gostei de premeditar o que falava, sentia, pra onde olhava ou o que fazia, mas, no amor não existe isso; Ou você se afunda de cabeça e deixa acontecer ou não está disposta a viver porque o sofrimento, sim, faz parte. Pensa que amar é fácil? Se fosse fácil, na minha opinião, não seria tão gostoso.

Pra mim tudo o que é difícil é melhor – engraçado como isso me fez voltar aos 3 anos num dia em que insisti com minha mãe para lavar a louça e o medo de quebrar copos e pratos de vidro, me fizeram querer ainda mais insistir e fazer – e eu gosto disso. Certa vez li algo como “grandes expectativas geram grandes decepções” e pensei: por que diabos ninguém nunca me disse isso?

Pois bem, ao acreditar em conto de fadas – em que a princesa busca a outra e dá voltas a cavalo -, acabei me deixando levar pela ilusão da perfeição e criei pra mim o paradigma no estilo novela das 9 em que a mocinha é feliz para sempre. Tola! Não existe feliz para sempre sem luta, paciência, esperança, confiança, caráter, dignidade, honestidade e o mais difícil de lidar: o amor.

Com as (más) experiências que tive pela vida – que sim, agradeço por me terem dado certeza de que não era com essas pessoas que eu queria passar o resto da vida – aprendi muito e me entreguei pouco. Nunca fui de entregar meu coração a ponto de enfrentar qualquer um pra estar com aquela pessoa. Sempre fui cautelosa com isso e essa cautela – graças a Deus – não me deixou lutar por ninguém. Porém, uma hora a “hora” chega certo? E é assim que começo a relatar minha história...

Era uma vez duas meninas. Uma chamada Pâmela e outra, Penélope. Uma tinha vida diferente da outra. Pâmela era leonina, era lésbica desde que aprendeu escrever seu nome, era menor de idade, estudante, imatura e “cabeça dura”. Penélope era aquariana, já tinha 18 anos, trabalhava desde os 15 anos, era bissexual e tinha uma maturidade considerável por ter convivido com pessoas com idade muito além da dela. Penélope tinha um amigo em comum com Pâmela e comentou com ele que estava sentindo falta de beijar mulheres e foi aí que, depois de alguns dias, ele pediu à amiga Bruna* para adicionar num site de relacionamentos o perfil da Penélope. Papo vai, papo vem, outra amiga dessa tal Bruna adicionou a Penélope e começaram a conversar. O que ambas não sabiam era que Pâmela e Penélope aprenderiam a amar juntas. Marcaram de se conhecer pessoalmente e acabaram ficando.

Não demorou muito e Penélope pediu Pâmela em namoro. Era sms a todo o tempo e ligações intermináveis. Elas ficavam juntas durante um tempo e quando os problemas surgiam, terminavam – talvez por medo de lutar. Entre idas e vindas, Penélope fez/falou coisas que magoaram muito a Pâmela. Penélope nunca tinha amado alguém de verdade e tinha receio de que quando isso acontecesse, fosse irreversível, ficasse embasbacada, só visse e vivesse para a Pâmela. Ela precisava sentir arrepio ao olhar nos olhos de Pâmela e ver o brilho do amor. Ela precisava ter certeza que a Pâmela realmente a amava e isso demorou um bom tempo. 

Durante a última discussão entre elas – não juntas –, Pâmela disse que estava desistindo de Penélope e foi aí que pela primeira vez em toda a sua vida, Penélope correu – literalmente – atrás de Pâmela e a pediu de volta. O “sim” entre lágrimas de Pâmela fez Penélope acreditar que além de o amor existir ela ter certeza de que Pâmela a amava.

Claro, nada é perfeito. Durante a volta, Pâmela (lê-se: insegura, desconfiada, com medo) começou a agir de forma arrogante, ignorante e nada paciente com Penélope. Também, era esperado que isso fosse acontecer, visto que Penélope a tinha magoado muito e agora era a hora de ela correr atrás de Pâmela. Por mais que Pâmela agisse assim, vendo que Penélope tinha realmente mudado, o que ela mais queria era ficar bem, mas, algo a impunha a agir dessa forma.

Penélope por vezes pensou em desistir de vez delas, por vezes se perguntou se aguentaria mais todo aquele sofrimento, por vezes se pegou segura e confiante de que era apenas uma fase e por vezes se olhou no espelho com o rosto inchado de tanto chorar. Porém, o que sentia agora era forte demais pra ser deixado de lado ou esquecido como se nada tivesse acontecido. Prometera no momento do “sim” os votos de um casamento “amar e respeitar na alegria e na TRISTEZA, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza (contando moedinhas também vale), até que a morte as separasse” e não iria desistir fácil assim. Por mais que tivessem uma visão de mundo diferente, uma coisa chamada AMOR as unia e ela ainda tinha esperanças.

Chamou Pâmela para conversar e pediram desculpas, mais uma vez, por tudo de ruim que uma tinha causado à outra. Prometeram mutuamente ser mais pacientes, dar carinho, amar, sem menos impulsiva e respeitar acima de tudo. Então, Pâmela olhou nos olhos de Penélope e disse:

- Eu te amo e não quero que você desista de mim. Essa fase ruim vai passar.

E Penélope respondeu:

- E quem disse que eu vou desistir de nós? Acha que vai se livrar de mim tão fácil? “Me ganhou vai ter que me levar”

Ambas riram se beijaram e falaram pra si mesmas, mentalmente que uma precisava, admirava, merecia e amava a outra como jamais fora ouvido em nenhum lugar do mundo. Sentiram uma pontada no peito, “borboletas” no estômago e mais uma vez tiveram certeza de que o que as unia tinha um poder incontrolável, uma dimensão incomensurável, que precisavam lutar a favor e que o nome desse sentimento forte tinha apenas 4 letras: amor.



*nome fora preservado para não envolvimento da história.


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