Acredito que tudo vá ser lindo. Que a música seja a que nos
fez nos apaixonar uma pela outra. Meu vestido de noiva vai ser bem branquinho,
com tecido macio daqueles que não dá vontade de parar de tocar e com direito a
véu e grinalda.
Como se fosse agora, imagino as daminhas de honra seguindo à
minha frente em direção ao altar carregando as nossas alianças.
Nos bancos da igreja pessoas que amamos e que fizeram parte
da nossa vida, da nossa história até aqui, estarão com os olhos marejados pela
emoção do nosso casamento. Todos estarão à nossa espera para a grande
celebração.
A igreja decorada ao nosso gosto, como se fizéssemos parte
de cada pétala de rosa posta na lateral dos bancos que dão no corredor.
Posso imaginar o padre, na cerimônia, com seus dizeres e
votos de casamento e a frase do final para as duas: “eu vos declaro mulher e mulher. Já pode beijar a noiva.”
Imagino os flashes das fotos que iremos tirar e na saída,
toda aquela gente que estava na igreja, agora na escadaria e na porta prontos a
jogar aquela chuva de arroz e nos abençoar pro resto da vida.
Imagino as pessoas sorrindo emocionadas porque agora
estávamos oficialmente casadas, de papel e tudo. Consigo ver o carro, preto,
com as latinhas presas a nylon para fazer barulho por onde passasse e nos
vidros laterais e traseiros a frase Just
Married para que todos vejam que casamos e que agora somos apenas uma.
Vejo a gente entrando num hotel para descansar a fim de
viajar sem cansaço para a lua-de-mel no Caribe.
Imagino, no dia seguinte, as malas prontas, nós e nossa
família ainda com sono resultado da noite anterior, nos levando até o embarque
no aeroporto.
Sinto o frio na barriga pela decolagem do nosso avião e o
misto de medo e alegria estampados em seu rosto. Seu medo vem do avião, da não
segurança, da falta de pisar em terra firme e sua alegria vem de ter certeza de
que agora nada irá nos impedir de ser feliz.
Com o trajeto previamente preparado, começamos a conhecer o
Caribe, se deliciar com a paisagem e acumular conhecimentos.
Consigo imaginar as fotos tiradas por profissionais e a
qualidade de cores e imagem de dar inveja.
Vejo a gente sorrindo, de mãos dadas, passeando a beira-mar
numa dessas noites de lua-de-mel como se fôssemos o último casal apaixonado da
terra.
Tudo conspira a nosso favor e a brisa do mar é suave como um
abraço. Sinto o cheiro. É bom. Nada comparado ao que imaginamos; aliás, supera.
As luzes dos barcos acesas e nos restaurantes, os jantares
sendo servidos. As pessoas que neles estão nos olhando e tentando entender o
motivo de tantos sorrisos de uma para outra.
Bobos, eles. Não sabem ou ainda não conheceram o que é o
amor ou como ele faz a pessoa sorrir sem motivos. Na verdade, há um motivo sim.
A pessoa que está do meu lado é o maior motivo para isso.
Vejo cachorros correndo de seus donos e os donos aos gritos
correndo atrás deles para tentar em vão capturá-los. Sorrio com a cena.
Me imagino te acariciando o rosto que parece uma das tais
pétalas de rosa que harmonizava a igreja no dia do nosso casamento.
Te olho nos olhos e você me entende sem que eu precise dizer
sequer, uma palavra. Já somos uma há tempos e só precisávamos de um pedaço de
papel que pra gente, só acrescentou o que já tínhamos em mente, coração, e
espírito.
Te falo em silêncio, na alma o quanto te amo e consigo ouvir
sua resposta “eu também.”
Novamente te olho nos olhos e te digo em silêncio que você
poderá contar comigo e que vai ser “na alegria e na tristeza, na saúde e na
doença, na riqueza e na pobreza. Até que a morte nos separe”. Te vejo sorrir
pra mim e sinto no peito algo mais forte que tudo o que senti em toda a minha
vida.
Você segura minhas mãos, se coloca de frente a mim e com os
olhos brilhando como nunca, respira e diz “hey, isso é amor.”
Me pergunto como você pôde saber o que passava pela minha
cabeça e como eu me sentia e sem que eu dissesse uma palavra, você me diz “eu
também sinto tudo isso. E é bom. Obrigada por estar comigo, por me mostrar que
te mereço e por me amar com a mesma intensidade e proporção que eu te amo!”
Te olho e digo “se o pra sempre não existe, pra gente existe
o ‘além da vida’.”
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